A organização da
economia cafeeira. As fazendas de café estavam espalhadas pelo
interior, distantes dos grandes centros urbanos onde a produção era vendida.
Com as precárias condições de transporte, aliadas ao fato de que os fazendeiros
administravam diretamente as suas propriedades, os cafeicultores acabaram
delegando a terceiros (os chamados comissários) a colocação de sua produção no
mercado.
Esses encarregados
da negociação das safras nos grandes centros eram, de início, pessoas de
confiança com a incumbência de realizar as operações no lugar do fazendeiro.
Aos poucos, de simples encarregados, esses comissários começaram a concentrar
em suas mãos as safras de vários fazendeiros, tornando-se importantes
intermediários entre produtores e exportadores, em geral estrangeiros.
As casas comissárias
que então se organizaram passaram a negociar em grande escala o café de várias
procedências. Com o tempo, apareceu um novo intermediário: os ensacadores.
Estes compravam o café das casas comissárias, classificavam e uniformizavam o
produto, adaptando-o ao gosto dos consumidores estrangeiros e, finalmente, o
revendiam aos exportadores.
Com a
profissionalização dos comissários, estes começaram a atuar também como
banqueiros dos cafeicultores, financiando a produção por conta da safra a ser
colhida.
Por volta de 1896,
esse esquema começou a mudar. Os exportadores (estrangeiros), com a finalidade
de aumentar os seus lucros, passaram a procurar diretamente os fazendeiros para
negociar a compra antecipada das safras. Com seus representantes percorrendo as
fazendas para fechar negócio, essa nova relação entre produtores e exportadores
indicava, na verdade, que o mercado brasileiro encontrava-se em fase de
profunda transformação.
De fato, conforme o
esquema até então vigente, os comissários não apenas intermediavam a venda das
safras, como também intermediavam a compra dos fazendeiros nas grandes casas
importadoras de produtos de consumo estrangeiros. O esquema, portanto, era o
seguinte: fazendeiros - comissários - ensacadores ---c› exportadores/importadores
comissários - fazendeiros.
A decisão dos
exportadores em negociar a safra diretamente com os fazendeiros modificou
também a forma de atuação dos importadores que, não dispondo mais do comissário
que intermediava as compras para o fazendeiro, tiveram de espalhar agentes e
representantes de vendas pelo interior. O mercado ficou mais segmentado mas, em
compensação, mais livre.
A crise de superprodução. Contudo,
desde 1895, a economia cafeeira não andava bem. Enquanto a produção do café
crescia em ritmo acelerado, o mercado consumidor europeu e norte-americano não
se expandia no mesmo ritmo. Consequentemente, sendo a oferta maior que a
procura, o preço do café começou a despencar no mercado internacional, trazendo
sérios riscos para os fazendeiros.
Nos primeiros dois
anos do século XX, o Brasil havia produzido pouco mais de 1 milhão de sacas
acima da capacidade de consumo do mercado internacional. Essa cifra saltou para
mais de 4 milhões em 1906, alarmando a cafeicultura.
O Convênio de
Taubaté (1906). Para solucionar o problema, os governadores de
São Paulo, Minas Gerais e Rio de janeiro reuniam-se na cidade de Taubaté, no
interior de São Paulo. Decidiu-se então que, a fim de evitar a queda de preço,
os governos estaduais interessados deveriam contrair empréstimos no exterior
para adquirir parte da produção que excedesse o consumo do mercado
internacional. Dessa maneira, a oferta ficaria regulada e o preço poderia se
manter. Teoricamente, o café estocado deveria ser liberado quando a produção,
num dado ano, fosse insuficiente. Ao lado disso, decidiu-se desencorajar o
plantio de novos cafezais mediante a cobrança de altos impostos. Estabelecia-se,
assim, a primeira política de valorização do café.
O governo federal
foi contra o acordo, mas a solução do Convênio de Taubaté acabou se impondo. De
1906 a 1910, quando terminou o acordo, perto de 8.500.000 sacas de café haviam
sido retiradas de circulação.
O acordo não foi
propriamente uma solução, mas um simples paliativo. E o futuro da economia
cafeeira continuou incerto.
Disponível em:
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/republica-velha/republica-velha-1.php
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