A hegemonia dos
cafeicultores. Vimos anteriormente que a República tornou-se
possível, em grande parte, graças à aliança entre militares e fazendeiros de
café. Esses dois grupos tinham, entretanto, dois projetos distintos em relação
à forma de organização do novo regime: os primeiros eram centralistas e os
segundos, federalistas. Os militares não eram suficientemente poderosos para
impor o seu projeto nem contavam com aliados que pudessem lhes dar o poder de
que precisavam.
Os cafeicultores,
ao contrário, contavam com um amplo arco de aliados potenciais e compunham,
economicamente, o setor mais poderoso da sociedade. A partir de Prudente de
Morais, que, em 1894, veio a suceder Floriano, o poder passou definitivamente
para esses grandes fazendeiros. Mas foi com Campos Sales (189& 1902) que
uma fórmula política duradoura de dominação foi finalmente elaborada: a
"política dos governadores”.
A "política
dos governadores". Criada por Campos Sales (1898-1902), a
"política dos governadores" consistia no seguinte: o presidente da
República apoiava, com todos os meios ao seu alcance, os governadores estaduais
e seus aliados (oligarquia estadual dominante) e, em troca, os governadores
garantiriam a eleição, para o Congresso, dos candidatos oficiais. Desse modo, o
poder Legislativo, constituído por deputados e senadores aliados do presidente
- poder Executivo -, aprovava as leis de seu interesse. Estava afastado assim o
conflito entre os dois poderes.
Em cada estado
existia, portanto, uma minoria (oligarquia) dominante, que, aliando-se ao
governo federal, se perpetuava no poder. Existia também uma oligarquia que
dominava o poder federal, representada pelos políticos paulistas e mineiros.
Essa aliança entre São Paulo e Minas - que eram os estados mais poderosos -,
cujos lideres políticos passaram a se revezar na presidência, ficou conhecida
como a "política do café com leite".
A Comissão de
Verificação. As peças para o funcionamento da "política
dos governadores" foram, basicamente, a Comissão de Verificação e o
coronelismo. As eleições na República Velha não eram, como hoje, garantidas por
uma justiça eleitoral. A aceitação dos resultados de um pleito era feita pelo
poder Legislativo, através da Comissão de Verificação. Essa comissão, formada
por deputados, é que oficializava os resultados das eleições.
O presidente da
República podia, portanto, através do controle que tinha sobre a Comissão de
Verificação, legalizar qualquer resultado que conviesse aos seus interesses,
mesmo no caso de fraudes, que, aliás, não eram raras.
O coronelismo. O título
de "coronel", recebido ou comprado, era uma patente da Guarda
Nacional, criada durante a Regência, como já vimos. Geralmente, o termo era
utilizado para designar os fazendeiros ou comerciantes mais ricos da cidade e
havia se espalhado por todos os municípios.
Durante o Segundo
Reinado, os localismos haviam sido sufocados pela política centralizadora, mas
eles renasceram às vésperas da República. Com a proclamação e a adoção do
federalismo, os coronéis passaram a ser as figuras dominantes do cenário
político dos municípios.
Em torno dos
coronéis giravam os membros das oligarquias locais e regionais. O seu poder
residia no controle que exerciam sobre os eleitores. Todos eles tinham o seu
"curral" eleitoral, isto é, eleitores cativos que votavam sempre nos
candidatos por eles indicados, em geral através de troca de favores fundados na
relação de compadrio. Assim, os votos despejados nos candidatos dos coronéis
ficaram conhecidos como "votos de cabresto”. Porém, quando a vontade dos
coronéis não era atendida, eles a impunham com seus bandos armados - os
jagunços -, que garantiam a eleição de seus candidatos pela violência.
A importância do
coronel media-se, portanto, por sua capacidade de controlar o maior número de
votos, dando-lhe prestígio fora de seu domínio local. Dessa forma, conseguia obter
favores dos governantes estaduais ou federais, o que, por sua vez, lhe dava condições
para preservar o seu domínio.
Disponível em:
http://www.portalsaofrancisco.com.br/alfa/republica-velha/republica-velha-1.php
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